uma garrafa de álcool e um copo de água

o algodão sujo se sangue
lembrou-me  a época em que eu brincava
com laminas e cacos de vidro
um frio me bateu no estômago
acendi um cigarro
e percebi que já não sou mais
tão doente assim ...

toalhas no varal

não enganava ninguém
apenas a si mesmo
fantasiava-se de rochas e aço
mas no fundo daquela aparência bizarra
abrigava um coração pulsante
como o coração de um cardíaco.
certa vez um sopro lhe faltou
e faleceu as margens do Mediterrâneo.

16:09 hrs mostra o relógio

acredito no concreto.
os dias me fazem morrer
levanto para lamentar a existência
de tanta frieza e desafeto.
os rostos na parede se apagaram
e as mãos moldadas barro queimado,
desintegraram-se em lama
os sentimentos enterram-se nos pantanos
a esperança seguiu os ventos
você a fez morrer.

ciscos nos olhos ...

Uma batalha não pode ser entregue com tanta facilidade.
Lute.
precisamos descansar na queda
para levantarmos mais dispostos.

músicas do passado

o passado já não pesa em nosso presente
sempre estarei ao seu lado
mesmo machucado , traído 
lhe beijarei  a face
todas as vezes que me estapear 

ventiladores na velocidade mínima

sou apenas mais um de seus devaneios,
posso ser um terremoto , uma chuva de verão .
não é a toa que sempre estou com os olhos borrados.
estas cápsulas me deixam nostálgico , mas isso acaba.
uma hora elas acabam
e mais uma consulta virá, para que possa comprá-las novamente.
não lhe contarei uma piada ,
se não quiseres sorrir.
não lhe contarei histórias reais ,
se não quiseres chorar .

freadas e gritos de crianças ...

naquele quarto
os corpos suaram
em noites de inverno.
a nudez era camuflada
pois apenas uma tv mal sintonizada
iluminava aquele lugar.
as silhuetas estampadas na parede.
um de quatro, feito um cão,
e outro em pé ...
movimentos repetitivos.
um orgasmo.